Gustavo Senra adora bons textos. Atento, examina-os. Descobre-lhes as qualidades e defeitos. Sabe que escrever é mandar recado. Se o receptor não entende a mensagem, a culpa é de quem escreveu.
Outro dia, encaminhou um exemplo. ‘‘É uma pérola de desperdício’’, diz ele. Ei-la:
Rui Barbosa, ao entrar em casa, ouviu um barulho estranho vindo do quintal.
Foi até lá. Constatou haver um ladrão tentando levar seus patos de criação.
Aproximou-se vagarosamente do indivíduo, surpreendendo- o ao tentar pular o muro com as amadas penosas. Batendo nas costas do invasor, disse-lhe:
— Bucéfalo, não é pelo valor intrínseco dos bípedes palmípedes e sim pelo ato vil e
sorrateiro de galgares as profanas de minha residência. Se fazes isso por necessidade, transijo; mas se é para zombares de minha alta prosopopéia de cidadão digno e honrado, darte-ei com minha bengala fosfórica no alto de tua sinagoga que te reduzirá à qüinquagésima potência que o vulgo denomina nada.
O ladrão, confuso, perguntou:
— Ó moço, eu levo ou deixo os patos?
Recebi por e-mail - não sei quem é o autor.
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