"O professor se liga à eternidade. Ele nunca sabe quando cessa a sua influência". (Henry Adams)
Não só o professor, todos nós deveríamos ter cuidado com as palavras ásperas, com as críticas desnecessárias, pois não sabemos o efeito que temos sobre o outro, não sabemos que tipo de marcas podemos deixar com nossas palavras e com nossos atos.
Primeiro dia na escola.
Uma menina muito tímida por temperamento e pelas circunstâncias de sua pequena vivência (tinha 8 anos), foi mandada a uma escola pela primeira vez. Já estava "velha", mas até então ninguém havia providenciado que ela tivesse contato com a dita educação formal. Muito bem, as providencias foram tomadas, cadernos comprados e "jogaram" a menininha na 2ª série porque ela já conseguia ler e escrever algumas palavrinhas (aprendera por conta própria). Como já estava "alfabetizada" e havia passado da idade, não poderia frequentar a 1ª série.
Lá foi a garotinha, coração na boca, excitação total, pulsação a mil. Sempre fora "louca" por livros e por letras. Mesmo quando ainda nem sabia ler, conseguia alguns livrinhos infantis, não se sabe como, e ficava andando atrás dos adultos pedindo que lessem para ela. A escola era um sonho prestes a se realizar. Ela estava se sentindo às postas do paraíso.
Assim ela ia andando em direção ao colégio... entrou e... Êpa! O paraíso começou a se desfazer. O pátio era enorme, tocou um sinal e a menina não tinha a menor idéia do que fazer. As crianças em volta começaram a marchar como formiguinhas, todas indo para algum lugar definido. Derrepente formaram-se filas, tão certinhas, por tamanho, e a menina ali, estatelada, sem saber o que fazer ou qual era seu lugar naquela encenação toda. As aulas já haviam começado há duas semanas, todos já estavam à vontade em seus papeis, já sabiam a marcação do palco, menos ela.
Além de ela estar atrasada na idade, ela estava atrasada no bimestre também.
A euforia e excitação que ela trouxera na pastinha e na merendeira ao sair de casa, começava a se transformar em pânico: Para onde vou, com quem falo, o que faço????
Aos poucos as crianças em fila foram marchando, sumindo, até o pátio ficar completamente vazio, vazio e imenso para aquela garotinha parada lá sozinha. Neste momento o pânico já era sentimento dominante. A menininha estava petrificada, como uma minúscula estátua naquele amplo espaço onde ela não conseguia dar sequer um passo.Chegou uma moça não muito gentil à princípio, perguntando:
- O que você ainda está fazendo aí? Vá para a sala!
A menina, com o restinho de vivacidade que ainda lhe sobrava, tirou um papelzinho do bolso da camisa e deu a moça. Ali tinha o nome da professora.
A menina explicou que era seu primeiro dia no colégio. A moça se tornou mais amistosa, pegou a criança pela mão e a levou a sala, onde toda a turma já estava devidamente acomodada. Apresentou a crinça à professora.
Neste momento a menina já inha as mãozinhas molhadas de suor, estava em um estado mixto de cansaço pelo susto passado no pátio e o alívio de finalmente ter achado seu lugar, de poder sentar e descobrir o que era estudar.
Neste momento se dá a ação da professora, a ação que marcaria a menina e sua tragetória escolar, e quem sabe sua tragetória na vida.
A menina já se encontrava sentada, segura atrás de sua mesinha, quando a professora a chamou para ir à frente. Nâo preciso falar que isso fez a adrenalina ser novamente despejada na corrente sanguinea da garotinha já exauta pela forma como chegara até ali. Mas ela era valente! Levantou-se, pegou seu caderninho e lápis, como ordenara a professora e foi à mesa da mestra.
A professora, com ar de poucos amigos mandou ela abrir o caderno e se preparar para escrever a lista de material que iria ditar. Lembrem-se, meus amigos, a garotinha nunca tinha ido à escola, era tímida e sabia ler mal e parcamete, tendo aprendido nem se sabe como. E sabemos que ler é mais fácil do que escrever...
Eis a lista que a professora ditou:
1 lápis
1 borracha
1 rega (régua), - A menina não sabia escrever régua
1 caixa de lápis de cor
2 cadernos deitados
1 estojo
Ao terminar de ditar, a professora pegou a lista e simplesmente, alto e em bom tom , perguntou a menina quem foi que disse que ela poderia frenquentar a segunda série, pois ela não sabia sequer escrever régua, que era absurdo ela estar ali naquela turma. E a turma... imagine, as crianças riam da menina às gargalhadas, debochavam com o apoio e incentivo da professora. A essa altura a menina já nem ouvia mais com clareza o que a professora falava. Só desejava sumir daquele lugar.
Assim foi o primeiro dia de aula, o primeiro contato dessa criança com o tão sonhado "mundo da leitura e do saber".
Pergunto a vocês, qual terá sido a influência dessa professora na vida dessa criança? Alguém se arrisca a dar uma opinião?
Abs
Raquel
M
ResponderExcluirI
C
A
E
L
A
Olá, querida Raquel, olha eu por aqui!
ResponderExcluirDescobri esse blog através de um outro site.
Você é divinamente versátil, alvo de minha sincera admiração.
Parabéns por mais essa oportunidade de nos deleitarmos com opções tão irreverentemente educativas, informativas e criativas.
Você é D+!!!!
Forte abraço.
Cléber Braz!!!
NOSSA ME INDENTIFIQUEI COM ESSA MENININHA .POIS FUI P ESCOLA COM 8 ANOS E ME TROCARAM DE SALA POIS JA SABIA LER E ESCRER UM POUCO E TB PELA IDADE ,EM RELAÇAO A PROFESSORA ,ELA NUNCA DEVERIA TER FEITO ISSO A MINHA FOI UM ANJO NA MINHA VIDA DEPOIS DE 25 ANOS AINDA LEMBRO DO SORRISO ANGELICAL Q ELA TINHA .BEIJOSSSSSSSS
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